Pacientes de covid recebem alta, choram e fazem apelo à população
Texto: Marco Borba
Imagem: Marcelo Deck
Momentos de reflexão sobre o período de isolamento, emoção e lágrimas marcaram na terça-feira, 21/7, a alta médica de dois pacientes – a cidade atingiu 9 mil curados – que estavam internados com covid-19 no Hospital de Campanha montado pela Prefeitura de Osasco, em abril, na Policlínica da zona Norte (Jardim Piratininga). O prédio passou por adaptações. Foram criados 70 leitos e instalados respiradores para receber casos moderados ou graves da doença.
José Francisco Pereira, 55 anos, morador do Jardim Veloso, não conseguiu conter o choro ao falar dos momentos de tensão nos oito dias em que ficou internado, sendo três no Hospital de Campanha e, anteriormente, outros cinco no Pronto-Socorro do Jardim D’Abril, que funciona desde o início da pandemia como Centro de Terapia Intensiva da Covid-19.
“Agradeço a Deus por devolver minha vida. O pensamento foi o pior possível. Perdi minha sogra (também estava internada em estado grave no PS do Jardim D’Abril) para essa doença há cinco dias. As pessoas precisam acreditar que essa doença é real e nem todos têm sorte de sair com vida. Infelizmente, há muitas pessoas que ainda não acreditam. É preciso acreditar, usar máscara, usar álcool para limpar as mãos”, disse.
O paciente apresentou sintomas característicos da doença, como perda de paladar, tosse, febre, dor de cabeça e fraqueza. Ele diz não ter comorbidades (doenças como hipertensão e diabetes, entre outras, que precisam de acompanhamento médico de rotina) e que a esposa também apresentou sintomas. Ela está de quarentena em casa aguardando resultado dos exames. “Agora vou redobrar os cuidados. Sou muito grato ao pessoal da saúde, que me atendeu lá no Jardim D’Abril e aqui na Policlínica. Me trataram muito bem”.
A aposentada Irazilde Brito Barbosa, 67 anos, moradora do Jardim Baronesa, também ficou internada no Hospital de Campanha e temeu pela vida. “Graças a Deus e aos cuidados dos médicos, consegui superar. Tive a sorte de vir para um bom hospital. Nem todos têm esse privilégio. Não tive febre, mas tive diarréia, muito calafrio e falta de ar. A gente fica muito fraco. Por isso as pessoas precisam se cuidar, amar mais uns aos outros, ser mais humildes, solidárias. Agora vou me cuidar mais e dar conselhos àqueles que não se cuidam.”
Irazilde disse que tomava todos os cuidados por estar no chamado “grupo de risco” (idosos e pessoas com comorbidades) e fez um desabafo. Ela acredita que tenha contraído o vírus de um dos filhos, de 39 anos, que também teve sintomas, foi internado e recebeu alta semana passada.
“Quem não dá valor à vida precisa começar a pensar nisso, principalmente os mais jovens. Vivia dando conselho ao meu filho, que também esteve internado com a doença. Mas ele não dava bola, continuou a ir para as festas. As pessoas precisam pensar não só em si, mas nos outros também. Precisam ser mais conscientes e solidárias, porque qualquer um pode se contaminar e até morrer”, disse, emocionada.
Além de criar espaços específicos para atendimento de casos suspeitos de coronavírus, a prefeitura adotou uma série de medidas voltadas ao combate à doença na cidade desde o início da pademia, entre as quais o fechamento do comércio, aumento na fiscalização para garantir o cumprimento das recomendações, entrega de cestas básicas aos pais dos cerca de 70 mil alunos da rede municipal de ensino, disponibilização de máscaras para a população e higienização de espaços públicos, como praças, ruas e avenidas e portas de estabelecimentos comerciais com água e desinfetante.