Osasco oferece atendimento domiciliar a pacientes com sequelas pós-covid

  Saúde

Texto: Marco Borba
Imagens: Fernanda Cazarini

Nem sempre a alta hospitalar significa a volta à chamada vida normal para pacientes pós-covid. A maioria, principalmente os com comorbidades (obesidade, cardiopatias, diabetes, pressão alta etc.), precisa de reabilitação por conta das sequelas. Em Osasco, o Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) da Secretaria de Saúde do município oferece cuidados nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia e reabilitação da capacidade pulmonar a essas pessoas.

Os familiares também recebem instruções dos profissionais da equipe (médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas e fisioterapeutas) para que ajudem os debilitados na prática dos exercícios em casa, nos dias em que não há o atendimento da equipe multidisciplinar, para que a recuperação ocorra de forma mais rápida.

Desde que o atendimento domiciliar a esses pacientes começou a ser feito, há cerca de cinco meses, dezenas de pessoas precisaram de cuidados. No momento, apenas três munícipes são atendidos em casa. Outros dois tiveram Acidente Vascular Cerebral (AVC) recentemente, após a alta hospitalar, e foram reinternados.

Delmiro Pedro da Silva, 54 anos, é um dos pacientes que recebem atendimento em casa. Ele foi uma das vítimas da covid-19 e, por conta da obesidade (pesava 110 kg), ficou 49 dias internado, dos quais 26 intubado. Nesse período, perdeu 40 kg e a doença o deixou com algumas sequelas, como escaras (feridas) pelo corpo (cabeça, calcanhares e região lombar), polineuropatia (disfunção simultânea de vários nervos periféricos por todo o organismo, que causa hipersensibilidade nas mãos e pés e dificuldades para movimentar braços e pernas) e ainda não consegue andar. Ao longo do dia precisa revezar as posições entre ficar deitado ou sentado. Ele ainda não consegue andar e sente cansaço, mesmo em repouso.

Drama familiar
A covid-19 afetou outros integrantes da família de Delmiro. A esposa Kátia Maria Oliveira da Silva, 51 anos, e duas filhas tiveram a doença. Mas apenas Kátia também precisou ser internada, por 15 dias. “Tive todos os sintomas, mas graças a Deus não precisei ser intubada. Vejo o fato de estarmos vivos como uma benção. Foi mais uma chance que Deus nos deu para viver”, acredita Kátia.

A doença, segundo a equipe multidisciplinar do SAD, não deixou sequelas apenas em pacientes com comorbidades ou idosos. O paciente mais jovem tem 43 anos e não tinha comorbidades, mas também ficou um bom tempo internado. Agora, apresenta dificuldades na deglutição e precisa de reabilitação em fisioterapia para voltar a andar.

O Serviço de Atendimento Domiciliar da Prefeitura já era oferecido a pacientes acamados antes do início da pandemia e, segundo a enfermeira e responsável técnica pelo SAD, Gretha Silva Lana, nos primeiros meses da pandemia familiares de alguns desses pacientes chegaram a recusar a continuidade do atendimento por medo de que os profissionais da saúde transmitissem a doença. Antes do início da pandemia, a equipe atendia 140 pacientes acamados na cidade.

A doença, conta a enfermeira, deixa sequelas não apenas no corpo. Mexe também com o emocional das pessoas. “O que mais percebemos nos atendimentos e conversas com esses pacientes é um certo abatimento, angústia, porque são relativamente jovens, entre 50 e 60 anos, e antes da pandemia eram independentes, não precisavam da ajuda de outras pessoas para a maioria das tarefas diárias. Agora são quase que totalmente dependentes”, disse Gretha.

As equipes do SAD fazem atendimentos semanais a esses pacientes em dois turnos (manhã e tarde). Além de Gretha, participaram do atendimento a Delmiro a também enfermeira Vanessa Laís Longo (gerente administrativa do SAD) e a fisioterapeuta Débora Ciotek.

Além do atendimento domiciliar, a Prefeitura também criou, em junho de 2020, o Ambulatório de Fisioterapia Respiratória Pós-Covid, na Policlínica da zona Norte, no Jardim Piratininga, para atender pacientes que necessitam de reabilitação pulmonar. Desde então já foram atendidas cerca de 700 pessoas. O ambulatório atende de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.

Serviço
Serviço de Atendimento Domiciliar
Avenida Narciso Sturlini, 78, Vila Campesina
Informações: 3683-5912
Ambulatório de Fisioterapia Respiratória Pós-covid
Avenida Getúlio Vargas, 889, Jardim Piratininga
Informações: 2183-8682

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