Osasco e FGV debatem o combate à fome
Texto: João Perez
Imagem: Fernanda Casarini
Na quarta-feira, 26/04, aconteceu em São Paulo, o seminário “Diálogos Intersetoriais sobre Segurança Alimentar: Desafios e Inovações”, fruto de uma parceria inédita entre a Escola de Administração da Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP) e a Prefeitura de Osasco, por meio do Banco de Alimentos de Osasco.
O seminário contou com a participação de empresas, negócios de impacto social, poder público (federal, estadual e municipal), terceiro setor, conselhos, sociedade civil e formadores de políticas sobre segurança alimentar, envolvendo temas como combate ao desperdício de alimentos, produção e redistribuição de alimentos e combate à fome.
Na organização do evento, a FGV esteve representada pela professora Luciana Marques Vieira e as pesquisadoras Camila Moraes e Isis Domingues. Por parte da Prefeitura de Osasco, o representante foi João Perez, diretor de Segurança Alimentar.
O evento também foi transmitido ao vivo pelo canal oficial do Youtube da FGV/SP, podendo ser acessado integralmente.
Com o auditório lotado e abertura inicial de Luciana Marques Vieira, da FGV/SP, o professor Walter Belik, do Instituto de Economia da Unicamp e membro da ONG Prato Cheio, apresentou “os desafios do sistema alimentar brasileiro”.
Na sequência, teve o 1º Painel – “Desafios, Inovações e Políticas Alimentares para a Próxima Década”, apresentado e moderado por João Perez, diretor de Segurança Alimentar, líder do Banco de Alimentos de Osasco e co-realizador do evento com a presença de representantes do Movimento Todos à Mesa (TAM), Instituto Comida do Amanhã, Governo do Estado de São Paulo e Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA).
Representado por Mariana Koch, head de Relações Públicas da Danone, o Movimento Todos à Mesa (TAM) é considerado a primeira coalizão brasileira de empresas e organizações que se unem para reduzir os impactos da fome no Brasil e atuar na redução do desperdício de alimentos, sendo formado por 22 empresas, dentre elas a Danone, iFood, Grupo Carrefour, Lopes Supermercados, Nestlé, M. Dias Branco, Pepsico, GPA, Facily, Mondelez, D’Maria, Nutriens, Frexco, Yara, Assaí Atacadista, Grupo Bimbo, KraftHeinz, Bauducco, Camil, DPA Brasil, Connecting Food e Supermercado Nordestão.
Juliana Medrado Tângari, do Instituto Comida do Amanhã, trouxe algumas descobertas do Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares (LUPPA) e levantou pontos importantes para uma discussão inclusiva intersetorial de políticas públicas voltadas para o combate à fome. No caso do LUPPA, Osasco é uma das cidades mentoras.
O Governo do Estado de São Paulo esteve representado por Vanuzia Teixeira, que destacou a estratégia e atuais iniciativas do Estado dentro dessa temática. A cidade de Osasco compõe o Conselho Estadual de Segurança Alimentar.
Finalizando a primeira discussão, Inês Rugani Ribeiro de Castro, representando o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, abordou a importância da retomada deste colegiado, suas funções e quais as perspectivas para os próximos anos.
O CONSEA é um órgão de assessoramento da Presidência da República e um espaço institucional para participação e controle social na formulação, no monitoramento e na avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional e combate à fome.
No Painel 2, apresentado e moderado por Camila Moraes e Isis Domingues, com o tema “As Iniciativas de Impacto Social para Produção e Redistribuição de Alimentos”, projetos de segurança alimentar de Osasco foram abordados, como as hortas pedagógicas, através da Pé de Feijão, comandada por Luísa Haddad, e Wagner Ramalho, da ONG Prato Verde Sustentável, negócios de impacto social que vêm realizando ações e projetos nas periferias das grandes cidades para inclusão social, educação alimentar e combate à fome.
Ainda no Painel 2, as Cozinhas Solidárias do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) foram representadas por Juliana Bruno, coordenadora do MTST. As cozinhas solidárias foram criadas com o propósito de ajudar a combater a fome em um período de crise sanitária. Na apresentação, foram abordados os impactos da cozinha na alimentação das pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Em Osasco, o Banco de Alimentos vem apoiando refeitórios de entidades sociais, inclusive a Cozinha Solidária do Jardim Bonança.
Jessica Chryssafidis, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV, tratou das agendas municipais de agricultura urbana e periurbana e do Comitê Diretivo do Projeto, composto pela FGV, ONU/PNUMA, União Europeia, Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. A cidade de Osasco faz parte do comitê diretivo.
O encerramento do evento contou com a palestra de Gustavo Porpino, da Embrapa Alimentos e Territórios (empresa pública que completou 50 anos no Brasil), e Natalia Tenuta, Coordenadora-Geral de Equipamentos Públicos do MDS – Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Para João Perez, diretor de Segurança Alimentar de Osasco, o seminário teve um resultado extraordinário. “Conseguimos fortalecer o diálogo entre os setores público, privado, Terceiro Setor e a sociedade civil, em um ambiente acadêmico muito importante como a Fundação Getúlio Vargas. Reconhecer políticas públicas de segurança alimentar exitosas por meio de parcerias com negócios de impacto social e ONGs. Revelar a importância do CONSEA nacional, retomado em 2023, na articulação nacional. Demonstrar inovações sociais e tecnológicas, como a cidade de Osasco vêm fortemente realizando. Mas, o principal, foi muito importante derrubar muros entre os setores, pois para um problema complexo como a fome e a insegurança alimentar somente a pluralidade de ideias e a união de esforços permitirão avanços significativos”.
A professora Luciana Marques Viera, da FGV/SP, concluiu, reforçando que “o seminário proporcionou espaços de fala, escuta e aprendizado mútuo. A agenda coletiva no combate à fome é urgente e prioritária, e as diferentes partes interessadas mostraram a capacidade de dialogar independentemente dos interesses individuais, econômicos e políticos dos diferentes participantes. A FGV-EAESP, como instituição de ensino e pesquisa, tem orgulho em participar e acolher indivíduos, organizações e instituições com iniciativas valiosas para combater um problema social tão complexo. Ainda temos muito a fazer, mas o evento comprova que o diálogo e empatia são necessários para redução das desigualdades e desenvolvimento do país.”