Educadora é premiada pela Fundação Dorina Nowill por projeto de alfabetização de aluno com deficiência visual
Texto: Marco Borba
Imagens: Caio Henrique
A professora Márcia Cristina Pedroso, terceira colocada no Primeiro Prêmio Braille Brasil Bricks por aplicar a alfabetização em braille ao aluno Luan Henrique Santana dos Santos utilizando peças lego, foi recebida pelo prefeito de Osasco, Rogério Lins, em seu gabinete, no Paço Municipal, e recebeu homenagens e um buquê de flores. O garoto de 7 anos, aluno do 2º ano do ensino fundamental da Emeief Zuleika Gonçalves Mendes, no Recanto das Rosas, também estava presente, acompanhado dos pais Ramon Batista dos Santos, e da mãe, Railane Santana dos Santos.
O concurso nacional é promovido pela Fundação Dorina Nowill e direcionado aos educadores brasileiros que possuem a certificação no curso do Braille Bricks e promovem em suas aulas a educação inclusiva por meio do material, que ajuda na alfabetização e desenvolvimento de diversas crianças cegas e com baixa visão nas escolas.
A professora obteve a formação por meio de parceria entre a Secretaria de Educação da Prefeitura de Osasco com a Fundação Dorina Nowill para Cegos e a empresa Lego, que desenvolveu as peças, que têm formato tradicional da marca, mas com pinos que trazem representações do sistema Braille e também a letra ou número correspondente impresso em relevo, funcionando como um recurso pedagógico para crianças com e sem deficiência visual e para os educadores.
A mãe de Luan conta que quando ele ingressou na Emeief Zuleika Gonçalves Mendes, em março de 2022, já havia perdido totalmente a visão e só conhecia letras em relevo que ela mesma montou em um caderno para “iniciar” o processo de alfabetização do filho.
Segundo o pai, Luan nasceu com baixa visão por conta de uma má formação na íris e deslocamento de retina e foi a partir de junho de 2021, ocasião em que teve de interromper o tratamento por causa da pandemia de covid-19, que o quadro dele evoluiu para a cegueira total.
Márcia Cristina Pedroso conta como iniciou o processo de alfabetização de Luan. Ela não tinha formação em braille e foi em busca de conhecimento nesse sistema para promover a inclusão do aluno em sala de aula.
“Ele é um menino muito inteligente. Como ele já conhecia as letras em relevo, que a mãe tinha ensinado, montamos na escola um caderno com letras em braille e relevo e ele foi memorizando os pontos de cada letra. Em seguida, passamos para as peças (em lego). Com isso, ele teve avanços na leitura, escrita e processos matemáticos. Ele (Luan) transformou a minha vida e eu a dele. Sinto-me honrada em fazer parte desse processo. Ele me inspirou a fazer uma pós-graduação em Educação Inclusiva, com ênfase em deficiência visual”, disse.
Rogério Lins parabenizou a educadora pela dedicação nos ensinamentos ao pequeno Luan. “Nós é que ficamos agradecidos, honrados e orgulhosos por você (professora) fazer a diferença na vida de alguém”, disse.
O Braille foi oficializado em 1852 e recebeu essa nomenclatura em homenagem ao francês Louis Braille, responsável pela criação desse código para cegos. Ele foi criado para possibilitar que pessoas com deficiência visual, parcial ou total tivessem acesso à leitura. Todo o sistema é formado por caracteres em relevo que permitem o entendimento por meio do tato e é usado em quase todos os países.
Música
Luan herdou dos pais o gosto pela música. O menino toca ukulele (instrumento de cordas considerado uma mistura de violão com banjo), teclado e bateria e está aprendendo saxofone e flauta. O pai, Ramon, é cantor e está aprendendo violão e teclado. A mãe, Railane, toca viola clássica. Além de Luan, o casal tem outros dois filhos: Raniely, 14 anos, e Luna Sophie, de 1 ano e 10 meses.
Apesar da pouca idade, o menino também já desenvolveu o gosto pela literatura. Durante o encontro no gabinete do prefeito, Luan recitou o poema “As Borboletas”, de Vinícius de Moraes.