Osasco promove Feira de Afroempreendedorismo

  Promoção da Igualdade Racial

Texto: Olga Liotta
Foto: Eduardo Soares

A Prefeitura de Osasco, por meio da Secretaria Executiva de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), e em parceria com a Fábrica de Cultura, realizou no sábado, 26/7, na Praça Antônio Menck, a Feira de Afroempreendedorismo. O evento teve como objetivo fortalecer a identidade cultural afro-brasileira, fomentar a economia criativa e incentivar a autonomia financeira da população negra no município.

A ação integra o calendário oficial da SEPPIR, conforme determina a Lei Municipal nº 12.987, que celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, comemorado anualmente em 25 de julho. A data destaca a luta das mulheres negras contra o racismo, o machismo e outras formas de opressão, sendo parte das atividades do Julho das Pretas.

A Miss Osasco Melhor Idade 2024, Alice Miranda, é microempreendedora e participou da feira expondo e comercializando bonecas de pano Abayomi, conhecidas por serem confeccionadas sem costura ou cola e serem símbolos de resistência, conscientização e sociabilidade na luta das mulheres negras.

“A feira estimula o empreendedorismo negro em diversos segmentos, como alimentação, artesanato, moda, literatura, acessórios, aromas, entre outros produtos culturais, por meio da exposição e comercialização de itens desenvolvidos por microempreendedores da nossa região, o que é muito significativo. Agradecemos ao prefeito Gerson Pessoa por seu olhar sensível à causa da promoção da igualdade racial em nossa cidade, pelo apoio e por permitir a implementação de iniciativas como esta”, destacou Paulinho Samba de Rua, secretário executivo de Promoção da Igualdade Racial de Osasco.

Entre os diversos estandes de comercialização, estavam os de moda, com peças autorais do designer Anderson Paz, e de livros, com obras do escritor e professor de Osasco, Israel Novaes, além de outras produções diversas.

“Estou em Osasco há 45 anos e sempre me incomodou ver como as pessoas deixam de participar da nossa história. Por isso, fico feliz em ver que, neste ano, a Prefeitura começou a trabalhar junto com os microempreendedores, autores, artistas plásticos e artesãos. A SEPPIR tem se mostrado acessível e disposta a ouvir nossas vozes. Sou professor da rede estadual e escritor há 32 anos, pesquisador da causa preta. Por enfrentar muito racismo, escrevi o livro ‘Racismo – Escravidão e Preconceito’, no qual trago uma abordagem histórica extensa, que começa nos tempos da Mesopotâmia e passa por Noé, os espanhóis, muçulmanos, judeus, até chegar ao Brasil e à realidade atual, em 2025. Busco um tratamento profundo sobre o racismo e a trajetória do povo negro. Minha próxima obra será dedicada ao Quilombo dos Palmares. Assim sigo nessa luta, com resistência, educação e arte”, comentou Israel Novaes.

A programação contou também com atividades artísticas e culturais promovidas pela Fábrica de Cultura, além de momentos de lazer e integração coletiva que ressaltaram o protagonismo da mulher negra.

Entre as apresentações, destacaram-se a cantora e enfermeira local Alexandra Mota e a cantora e compositora cubana Eileen Sánchez, que trouxe repertório com ritmos caribenhos e afro-rioplatenses.

Reforçando a importância da economia criativa e autonomia feminina, a artesã Iraci Reinaldo, com 19 anos na profissão, expressa o orgulho de ser empoderada e independente. “Já senti vergonha de ser preta, mas hoje tenho orgulho da minha cor e do meu cabelo. Trabalho com costura criativa, confecciono bolsas, necessaires, porta-talheres, jogos americanos, entre outras peças. Faço parte da Economia Solidária de Osasco e hoje estou muito feliz com quem sou e com o que faço”, destacou.

“Ao todo, foram 23 expositores na Feira de Afroempreendedorismo. Este é um momento especial para a SEPPIR e para Osasco. Um evento repleto de representatividade, que destaca a beleza dos segmentos, o protagonismo das nossas mulheres pretas empreendedoras e também dos demais expositores. Ou seja, reforça o compromisso da Diretoria de Ações Afirmativas da SEPPIR com o fortalecimento da cultura afro-brasileira no município”, reforçou a diretora, Deisi Ventura.

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